jueves, 29 de octubre de 2009

O POVO XOKLENG - LAKLÃNO PEDE SOCORRO

(José Boiteux - SC, 02 de outubro de 2009)

    O povo Xokleng da Terra Indígena Ibirama-La Klãno, Estado de Santa Catarina pede SOCORRO. A Barragem Norte construída sem autorização do nosso povo em 1976, para controle das enchentes no Vale do Itajaí - SC, nunca esteve com um volume de água tão alto. JÁ TEMOS ALDEIS COMPLETAMENTE ISOLADAS, sem comida, água potável, atendimento de saúde. O ônibus que transporta nossas crianças para a escola não tem mais como transitar devido às áreas alagadas ou desmoronadas.
    O nível de água sobe assustadoramente ameaçando casas e famílias inteiras. AS COMPORTAS DA BARRAGEM ESTÃO FECHADAS. Nosso povo está em uma situação de calamidade, correndo sérios riscos de vida.
    NINGUÉM AINDA APARECEU. Precisamos urgentemente de um barco ou helicóptero e de apoio governamental, principalmente da defesa civil.
    Nosso povo foi brutalmente perseguido e assassinado nos últimos cem anos pelos bugreiros e companhias de pedestres financiados pelo governo brasileiro.
    De caçadores e coletores fomos obrigados a ser confinados em uma reserva em nome do "progresso" nacional.
    Não satisfeitos, construíram em nossas terras a BARRAGEM NORTE, que além de nos usurpar a melhor parte das terras e CAUSAR GRAVES VIOLAÇÕES A NOSSA ESTRUTURA SOCIAL, ECONÔMICA E CULTURAL, hoje nos ameaça com enchentes e isolamento geográfico. ALÉM DISSO A AMPLIAÇÃO DE LIMÍTES DE NOSSA TERRA ESTÁ PARADA: NÃO TEMOS PARA ONDE CORRER.
    QUANDO ESTE GENOCÍDIO IRÁ ACABAR?
    Ainda estamos vivos. Pedimos a todos que divulguem este documento DE DENÚNCIA contra mais esta tentativa de assassinato do nosso povo por parte do Estado Brasileiro que assiste parado à nossa tragédia.
    POVO XOKLENG - TERRA INDÍGENA LAKLAÑO
    Aniel Priprá (cacique geral)

miércoles, 30 de septiembre de 2009

respirando [en] el Alto


(ou acullicando en El Alto).


....Há mais ou menos 2 horas, llegué al alto, en El Alto, cerca de 4.000 m acima do nível do mar. Estou no districto 8, bairro alteño onde fica a sede da Comunidad Inti Phajsi, a esperar o grupo que esta realizando todos os sabados algumas "visitas" ao hospital infantil onde, vestidos de payazos, vão divertir e animar as crianças que estão no leito deste hospital.
....Enquanto espero fui caminhar até uma das paisagens mais lindas que já conheci: à minha frente e abaixo (uns 500 metros abaixo) se estende um vale que ostenta um pequeno lago. Neste vale se encontra uma comunidade "indígena", ou melhor, original originária, muito antiga (estão lá a mais de 3000 anos), que nem mesmo os colonizadores, nem o Estado, conseguiu desalojar.
....Ao fundo deste hermoso vale, ergue-se de sobressalto os deuses protetores dos andes: Illimani, coberto de gelo e nuvens de tal forma que não se avista seu topo, Morurata com sua cabeça cortada em épocas mitológicas por um Inca, devido seu enorme orgulho de ser o morro mais alto (diz-se que sua cabeça caiu onde agora é o terceiro deus andino, e símbolo da cidade de El Alto... Wayna Potosi.)
....O primeiro impacto que o meio causa em mim é a falta de ar. A necessidade de mais ciclos respiratórios (inspirar/expirar) para suprir a quantidade de oxigênio que meu corpo esta acostumado... e uma certa dor de cabeça constante como conseqüência da pressão.
....Espero me acostumar em alguns dias, e ai entra um tema bem controvertido para quem não vive em lugares tão altos ou desconhece a cultura andina: la hoja de coca.
....Primeiramente vale lembrar a diferença entre a folha de COCA e a COCAína. Definida como entorpecente estimulante do sistema nervoso pela OMS (a famosa Organização Mundial da Saúde) e declarada ilegal pela ONU (a degenerada Organização das Nações Unidas) e pela maioria dos Estados Nacionais do mundo, a cocaína é um pó branco utilizado normalmente por vias respiratórias (se cheira!) e possui um alto poder de vício, sendo produzida através do zumo de toneladas de folhas de coca, zumo este processado diversas vezes por produtos quimicos como álcali (solvente orgânico como querosene ou gasolina) e ácido sulfúrico.
....Já a folha de coca por si só é uma planta com reconhecidas propriedades medicinais (como exemplo o "mal de altura"), de forma que seu uso remonta a culturas ancestrais originárias através de chá ou "mascando" um bolo de folhas (acullico). Em momentos de encontro comunitário, em assembléias coletivas, espaços de formação, ensenanza y aprendizagen, esta folha é compartida entre todos presentes, pois seu uso alimenta o debate, seu espirito protege a comunidade... assim, a folha possui um elemento místico e espiritual, sendo usada em rituais e oferendas (não é difícil encontrar no altiplano boliviano yatiris, ou "xamãs", que entre outras, realizam a leitura da sorte com folhas de coca, assim como oferta-la a nossa mãe Pacha).
....Vale destacar também que a folha de coca tem se tornado um símbolo identitário entre os movimentos indigenistas, um símbolo dos povos submetidos à dominação colonial desde a tal "descoberta das índias ocidentais", de instituições e praticas sócio-culturais subjugadas por uma pretensa superioridade euro-americana. É um símbolo de resistência, da luta e da cultura destes povos, de tal forma que no começo deste ano o presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, apresentou uma solicitação à ONU de descriminalização e legalização da folha de coca, através da sua retirada da lista de entorpecentes proibidos pelas convenções internacionais: "A folha de coca não é cocaína, não é nociva para a saúde, não provoca males físicos nem dependência", enfatizou Morales, que, para reforçar sua causa, mascou algumas folhas diante dos ministros dos 53 países membros da comissão.
....A ONU sinalizou que irá analisar o pedido, inclusive um estudo efetuado em 1995 pela tal OMS concluiu, com efeito, que "o uso de folhas de coca não parece ter efeitos físicos negativos, podendo ser até que tenha valor terapêutico"... me pergunto se alguem da ONU, ou da tão nobre OMS, se preocupa com o problema de uma outra coca: a COCA-cola?!?!

(25-07-09)

Ollantay - leyenda Inca

"Siembra en ese campo semilla, y ya verás que sin retirarte se multiplicará más y más, y excederá al campo: asi también tu crimen crecerá hasta superarte."

sábado, 26 de septiembre de 2009

proVOCAÇÕES.

O (¿)segundo(?) sexo

"o cio feminino é a macia palpitação de um molusco que espreita, como uma planta carnívora; o charco onde insetos e crianças enliçam-se; ela é sucção, ventosa sugadora; ela é resina e visgo."
(Simone de Beavouir)

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o colonizado se liberta sonhando!

"durante a colonização, o colonizado não para de se libertar entre as nove horas da noite e as seis da manhã (...) enquanto os homens não forem completos e livres, não caminharem por suas próprias pernas nas terras que lhes pertencem, sonharão à noite."
"abandonemos essa Europa que não para de falar no homem, ao mesmo tempo que o massacra onde quer que o encontre, em todos os cantos de suas ruas limpas, em todos os cantos do mundo [sujo]."
(Frantz Fanon)

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Primeiro Fausto

Do eterno erro na eterna viagem,
O mais que [exprime] na alma que ousa,
É sempre nome, sempre linguagem,
O véu e capa de uma outra cousa.

Nem que conheças de frente o Deus,
Nem que o Eterno te dê a mão,
Vês a verdade, rompes os véus,
Tens mais caminho que a solidão.

Todos os astros, inda os que brilham
No céu sem fundo do mundo interno,
São só caminhos que falsos trilham
Eternos passos do erro eterno.

Volta a meu seio, que não conhece
os deuses, porque os não vê,
Volta a meus braços, melhor esquece
que tudo só fingir que é.
(Fernando Pessoa)

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El filósofo de la libertad

Han pasado siglos y sigue creciendo la influencia del filósofo inglés John Locke en el pensamiento universal.
No es para menos. Gracias a Locke sabemos que Dios otorgó el mundo a sus legítimos propietarios, los hombres industriosos y racionales, y fue Locke quien dio fundamento filosófico a la libertad humana en todas sus variantes: la libertad de empresa, la libertad de comercio, la libertad de competencia, la libertad de contratación.
Y la libertad de inversión. Mientras escribía su "ensayo sobre el entendimiento humano" el filósofo contribuyó al entendimiento humano invirtiendo sus ahorros en la compra de un paquete de acciones de la Royal Africa Company.
Esta empresa, que pertenecía a la corona británica y a los hombres industriosos y racionales, se ocupaba de atrapar esclavos en África para venderlos en América.
Según la Royal Africa Company, sus esfuerzos aseguraban un constante y suficiente suministro de negros a precios moderados.
(Eduardo Galeano)

martes, 8 de septiembre de 2009

Fronteiras, Misérias... e a Propriedade de um Sonho

Corumbá, madrugada em uma cidade de fronteira no pantanal brasileiro. Na rodoviária o movimento é nulo, nenhuma sombra humana se mechendo (além dos taxistas que dormem em seus carros, na espera de alguma "corrida", do segurança que ja deve estar no seu 3º sono em sua salinha... e dos doguinos), e além, é claro, do narrador que vos fala!
Apesar do vento, do frio, da chuva e do marasmo aparente desta madrugada, é interessante lembrar que as fronteiras nunca estao paradas, fixas. Pelo contrário, o intenso ir e vir destes lugares é o que caracteriza-os e também o motivo que leva as pessoas, o Estados (ditos "nacionais") e as culturas à tentativa de definir os limites.

-¿E qual o limíte da miséria?-

Nos caminhos deste mato grosso do sul vi muita terra
......muito gado
............muita plantaçao.
Ao fundo de seus poderosos hectares, casas grandes ostentavam pomposidade
......de seus campos verdejantes em todas tonalidades
............onde cabeças somente se contavam com muita dificuldade.
Porém, mesmo com fartura que seduzia meu olhar,
......em minhas vistas era jogado a miséria do lugar.
A beira da estrada, deslocada a senzala se encontrava.
......com retos de madeira, lona e papelao...
............ali jazia o tal do "operario em construçao"...

(Ps.: A fronteira entre o sonho e a realidade, o limíte da miséria e da fartura, neste caso, foi imposto pela propriedade!)

(23-07-09 02:30 am)